Dos livros que li…

WOOLF, Virgínia. Um teto todo seu. Trad. Vera Ribeiro; prefácio Ana Maria Machado – 2. ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019. p.67

imagem arquivo pessoal, 2021 (podemos tudo)

“É inútil dizer que os seres humanos devem satisfazer-se com a tranquilidade: eles precisam de ação, e irão provocá-la, se não a puderem encontrar. Milhões estão condenados a um destino ainda mais estagnado que o meu, e milhões vivem em silenciosa revolta contra sua sina. Ninguém sabe quantas rebeliões fermentam nas massas de vida que povoam a terra. Supõe-se que as mulheres sejam geralmente muito calmas, mas as mulheres sentem exatamente como os homens — elas precisam de exercício para suas faculdades e de um campo para seus esforços, tanto quanto seus irmãos; elas sofrem de uma contenção rígida demais, de uma estagnação absoluta demais, precisamente como sofreriam os homens; e é tacanhice de seus semelhantes mais privilegiados dizer que elas devem limitar-se a fazer pudins e costurar meias, a tocar piano e bordar sacolas. É impensado condená-las ou rir delas quando buscam fazer mais ou aprender mais do que os costumes declararam ser necessário para seu sexo.

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Nota

Dos livros que li

[ WOOLF, Virgínia. Um teto todo seu. Trad. Vera Ribeiro; prefácio Ana Maria Machado – 2. ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019. p.92 ]

janela

A mente é decerto um órgão muito misterioso, refleti, afastando minha cabeça da janela, sobre o qual não se sabe absolutamente nada, embora dependamos dele tão completamente. Por que sinto que há cisões e oposições na mente, tal como há tensões vindas de causas óbvias no corpo? O que se pretende dizer com “unidade da mente”?, ponderei, pois é claro que a mente tem um poder de concentração tão grande em qualquer ponto e a qualquer momento que parece não ter nenhum estado único de ser. Ela pode isolar-se das pessoas na rua, por exemplo, e pensar em si mesma como apartada delas, numa janela superior, olhando-as lá embaixo. Ou pode pensar espontaneamente com as outras pessoas, como, por exemplo, numa multidão esperando para ouvir a leitura de alguma notícia.

imagem arquivo pessoal, 2021