"A ilusão de que o tempo é linear (tem começo, meio e fim) é também a ilusão de que tudo deveria ser exatamente do jeito que a gente imaginou." - Planejamento selvagem
tempo
Do que li…
ATWOOD, M. O Conto da Aia. Trad. de Ana Deiró. Rio de Janeiro: Rocco, 2017. p.133

Sei onde estou, e quem sou, e que dia é hoje. Esses são os testes, e estou sã. A sanidade é um bem valioso; eu a guardo escondida como as pessoas antigamente escondiam dinheiro. Economizo sanidade, de maneira a vir a ter o suficiente, quando chegar a hora.
autoinvestigação
levei um susto ao escrever minha idade, preenchendo um formulário de pesquisas. aquela era eu - despida. marcas sem qualquer retoque. nos últimos dois anos, a idade não foi destaque. estava presa a dores, ainda estou, que doem na alma. a minha idade, acaba de fazer doer minha alma. sensação de que não há mais tempo. impressão de sonhos pausados em definitivo. estou ficando velha, embora as amigas digam que não. o espelho expõe meus traços. buscar o equilíbrio entre o "tempo passado" e o "tempo amadurecido" é a minha mais recente autoinvestigação.
Redemoinhos

Alerta de textão na madruga
Sempre tive muito cuidado ao escutar uma história que chega, principalmente quando têm mais pessoas envolvidas. É claro que quem conta apresenta apenas uma perspectiva, aquilo que aprendemos em física, no segundo grau: “tudo depende do ponto de referência”. Considero que para me posicionar é prudente escutar todas as partes envolvidas, regra básica do direito – não sou advogada.
Me entristece escutar sobre histórias que são contadas por aí sem o devido cuidado. Viram redemoinhos enormes que nos atingem em cheio, derrubam e fazem chorar. Machuca, fere e faz doer.
Tenho alguns arranhões nos joelhos – quem não? Há uma história sendo contada, se ainda não me escutaram sinto muito, meus redemoinhos são silenciosos. Talvez um dia eu os transformem em música.
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(Canto de Oyá – Rosa Amarela)
“[…]
Minha mãe me ensinou / A ser brisa quando puder / E também me deu / A valentia de mil búfalos em uma mulher.
[…]
Que eu sou filha do vento / E não me rendo, ao mal tempo”
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texto meu. fotografia @lobo_lidiane
aonde
em que lugar eu fiquei? já não me reconheço faz tempo.
no saquinho de chá

imagem arquivo pessoal, 2021
no fim
E no fim é só você. Não faz eco. Carrego meu dias entorpecida de dor. Tudo é cinza. Entre respirações pausadas tento manter a calma. Tudo queima como brasa por dentro. O corpo cansado sustenta o peso da decepção. Em tempo algum imaginou que pudesse ser assim. Presa fácil. Talvez sofresse de miopia. Destino certo ser sozinha. Quiçá os sonhos serão realizados. Não há mais fantasia. A água salgada embaça os olhos. É fim. E só. Não vejo a linha de chegada.
é isso

como é desafiador a gente respeitar nosso próprio tempo. como gostaria de resolver tudo de uma vez. arrancar essa dor que está morando no meu peito.