O tema maternidade ainda é tabu, apesar das discussões sobre o tema estarem presentes em nossa sociedade. Se a mulher diz: “não quero ter filhos”, não demora para alguém torcer o nariz por sua opção. Se a mulher diz: “quero ter filhos”, também há quem torça o nariz para sua decisão. Torcem o nariz nas outras inúmeras situações ligadas a maternidade, não cabe fazer uma relação aqui. Quero ressaltar uma das situações que certamente virá a discussão novamente, já consigo identificar o movimento nas redes sociais, a mulher que engravida do primeiro filho depois dos quarenta anos de idade. Viviane Araújo, atriz e dançarina, anunciou recentemente que está grávida do seu primeiro filho, aos quarenta e seis anos de idade, e logo se tornou o nome mais procurando nos sites de buscas, se você digitar “Viviane Araújo”, a segunda opção de referência é “Viviane Araújo idade”. Por que ainda é tabu a idade e a maternidade? Já não sabemos que dispomos de uma medicina avançada, que estudos e pesquisas apontam para uma qualidade de gestação após os quarenta anos? Me incomoda ler nas notícias, ainda que nas entrelinhas, o preconceito com a mulher que engravida depois dos quarenta. Um saco precisar ficar se explicando por suas escolhas, ou pelas escolhas que a sua revelia, a própria vida lhe impôs. O fato é que a MULHER decide o que ela quiser, ela nunca colocaria a sua vida e a de outra vida em risco, não tenho dúvidas. SOMOS MULHERES, desculpa ae!
mulher
Mandala lunar 2022 : um caminho de autoconhecimento / organização Ieve Holthausen, Naíla Andrade. –1. ed. — Porto Alegre, RS : Mandala Lunar, 2021.p.91
quarto de espelhos
eu ando pelo mundo arrancando as etiquetas que colam em mim. eu não caibo nas gavetas, caixas e prateleiras que me apresentam como destino.
minha partida é inteira. sou mais desatino e revoada do que ponto de chegada. quando me vês, sou outra, e a mulher que anda firme ao meu lado é uma versão atualizada de mim.
lamento bem pouquinho se te desagrado. e ofereço: teu olhar crítico viesse com cep, te devolveria compassiva cada uma das expectativas sobre quem você supõe que eu sou.
de brinde, te enviaria caquinhos deste quarto de espelhos que estilhaço a cada dia.
por irônico que pareça, quebradinho tem mais-valia nesse jogo que nos separa à serviço da mercantia.
por todas as vezes que me senti inadequada, o meu desagravo é me amar tim-tim por tim-tim, hoje, amanhã, sempre: respirando, acolhendo e celebrando esta que vou sendo… até o fim.
Nanda Barreto
a mulher e seu caderno
nas últimas folhas em branco, escrevo. sexta-feira, 31 de dezembro, Lua minguante “que é uma fase de reflexão, de eliminação, finalização de ciclos e limpeza”, de acordo com os astrólogos. que ano! não é sobre perdão, é sobre mágoa e decepção. só o tempo pode resolver. a chave vira. neste ano escrevi – muito. cadernos – sim, no plural. foram meus companheiros. registros de sentimentos genuínos. estou presente em todas as linhas. me reconheci. assustei. reuni minha melhor e pior versão. acolhi meus defeitos. respeitei meus limites. corri na chuva. senti – tudo. aprendi sobre força e também sobre desânimo. chorar. escutar. sorrir. me posicionar. defender meu ponto de vista. estudei. me aproximei das minhas ancestrais – mulheres guerreiras. pedi ajuda. sobrevivi. estou aqui contando a minha história. cheguei longe nos últimos meses. há muito caminho para ser percorrido. sou a mulher e seu caderno.
ela me entende (Lágrima – Maria Bethânia)
Maria Bethânia, me entende. Só sinto. Clica para escutar
Lágrima por lágrima hei de te cobrar. Todos os meus sonhos que tu carregaste, hás de me pagar. A flor dos meus anos, meus olhos insanos de te esperar. Os meus sacrifícios, meus medos, meus vícios, hei de te cobrar. Cada ruga que trouxer no rosto, cada verso triste que a dor me ensinar .Cada vez que no meu coração, morrer uma ilusão, hás de me pagar. Toda festa que adiei, tesouros que entreguei, a imensidão do mar. As noites que encarei sem Deus, na cruz do teu adeus, hei de te cobrar. A flor dos meus anos, meus olhos insanos, de te esperar. Os meus sacrifícios, meus medos, meus vícios, hei de te cobrar. Cada ruga que eu trouxer no rosto, cada verso triste que a dor me ensinar. Cada vez que no meu coração morrer uma ilusão, hás de me pagar. Toda festa que adiei, tesouros que entreguei, a imensidão do mar. As noites que encarei sem Deus, na cruz do teu adeus, hei de te cobrar… Lágrima por lágrima.
Autor: Roque Ferreira
subservientes
Quando exercemos função inferior em relação a quem está no poder, nos transformam em subservientes. Talvez eu nunca consiga compreender essa segregação que humilha. A sociedade está cada vez mais repugnante. É nauseante ser mulher e outra mulher te conceber "criatura servil", apenas por estar num cargo superior ao seu.
me representa

Fonte da imagem Pinterest
espera

imagem arquivo pessoal,2021
poesia vulnerável

Parada de descompressão;
Hiato inevitável;
(Re)definir limites;
Honrar seu tempo;
Sentar quando o corpo cansa;
Coragem é acolher os medos;
Não é sobre estar no fundo;
É sobre como subir à superfície;
Ser vulnerável;
Primeiro degrau;
Faço poesia.
*imagem arquivo pessoal,2021.
uma diva, Lispector
“Estava à espera. Com os sentidos aguçados pelo mundo que a cercava como se entrasse nas terras desconhecidas de Vênus. Nada aconteceu”. (Clarice Lispector. Uma aprendizagem ou o livros dos prazeres, p. 30)

imagem arquivo pessoal, 2021.