às vezes as lágrimas chegam sem aviso, os olhos embaçam e o nariz fica vermelho de repente. e quando as lágrimas não vêm? elas ficam presas em algum lugar? não caem. minha última semana sofri com "falta de lágrima", sinto a garganta apertar, mas os olhos não embaçam. é estranho. preciso colocar algo para fora que desconheço. eu quero chorar, deixar passar, mas tem um nó. quero desatar, colocar para fora. estou no deserto e não tem previsão de chuva. não tô legal. talvez não seja um bom sinal.
lágrimas
estou me protegendo, foi o que eu disse com os olhos marejados .
não se consegue esconder um sentimento por tanto tempo;
de mim,
dos outros,
do mundo,
pensei.
a conclusão:
neguei por diversas vezes.
tenho vergonha.
assumir,
fraqueza.
amanhecer com chuva
acordei com o barulho da tempestade. chuva forte, ventos intensos e trovões anunciavam que havia amanhecido. me recordei das manhãs que despertava ao seu lado, gostávamos de ouvir os sons da tempestade, o medo dos trovões me faziam encolher em seus braços. a gente gostava de chuva ao acordar, era a desculpa perfeita para ficar um pouco mais na cama. como fazer para esquecer as manhãs de chuva com você, já que você não está mais aqui?
texto que não será enviado
Faz muito tempo, que não tem um sábado 27, em novembro, ainda lembro daquele. Recordei isso no início dessa semana, quando precisei digitar a senha do app. Pensei em te escrever, devo ser mesmo teimosa, e já que sou... Porquê não? Não procurei pensar muito no que falar, escrevo a medida que as palavras saem. Chamar de mais uma tentativa, de mais uma chance... Não sei. Talvez eu não faça ideia do perigo escondido nessas minhas palavras, de eu mesma me machucar. Crio expectativas, difícil evitar. Será que como nos filmes, a gente pode "zerar", não no sentido de esquecer tudo, mas no sentido de reiniciar? Pensei nesse 27/11, a gente sentar, conversar... Só não dá para ter show do Calipso. Sei que não posso entrar assim na sua vida, do nada, e talvez bagunçar o que você já arrumou, não é minha intenção, nunca foi. Eu sou mesmo "exagerada" e exageradamente teimosa, te faço o convite para um café, no sábado 27, no final da tarde. Você pode recusar esse convite e tudo bem se for assim, quem sabe só tenha existido um 27/11 na vida da gente. Me sinaliza até sexta. Abç
Talvez (Caetano Veloso e Tom Veloso)
Talvez pra você eu seja mais um Pra mim você é o que ninguém foi Eu vivo a vida com calma Pensando no amor Talvez meu olhar que te conquistou Não tenha mais luz nem tenha mais cor Mas tantas memórias, histórias Canções pra compor Me levam a crer que você Planeja ficar sem me ver Mas guarda no fundo a voz Da vida cantando pra nós Talvez esta dor um dia fará Do nosso lugar um forte, um lar Eu guardo no peito a vontade E a certeza de amar
distante de mim
Passo dias distante de mim. Saudade que invade de súbito. “Por que comigo” martela na minha cabeça sem pausa. Um coro insistente no meu ouvido diz: “ele não te quis”. Fui me diminuindo. Encolhi até me caber na palma da mão. Que lugar é esse que sempre volto? Me encaro no espelho, não há brilho. Caí mais uma vez. Estou no poço escuro, não faço ideia de como deixar de voltar para lá toda vez que tropeço.
no fim
E no fim é só você. Não faz eco. Carrego meu dias entorpecida de dor. Tudo é cinza. Entre respirações pausadas tento manter a calma. Tudo queima como brasa por dentro. O corpo cansado sustenta o peso da decepção. Em tempo algum imaginou que pudesse ser assim. Presa fácil. Talvez sofresse de miopia. Destino certo ser sozinha. Quiçá os sonhos serão realizados. Não há mais fantasia. A água salgada embaça os olhos. É fim. E só. Não vejo a linha de chegada.
do instagram
rachaduras

Hoje estou cheia de rachaduras. Não estou bem. Sinto que a qualquer momento serei inundada. Lama seca segurando rachaduras na parede não é seguro.
Acabou
Acabou oficialmente, embora eu já soubesse de alguma maneira – minha intuição não falha – de que já havia passado do ponto faz algum tempo.
Não desistir facilmente é algo que carrego comigo – sou do signo da terra no mapa astral – acredito que usei todas as alternativas que a mim cabiam – mas sei o momento de parar, evitar desgastes e dores desnecessárias.
Não estou dizendo que foi fácil e indolor, pelo contrário, foi difícil e dolorido. Precisei ler nas entrelinhas, observar os sinais, ouvir o não dito – confesso que gastei muita energia – ficar subentendido machuca.
Esgotamos. Já não fazia mais sentindo insistir em algo que já não havia mais sentido. Apesar de muito doído, consigo identificar a importância de se ter experiência – faz um ano que fui ao fundo do poço, e o que vem depois do fundo também – então estar nesse lugar conhecido já não me assusta tanto – eu sei como sair dele e tenho todas as ferramentas necessárias dentro da minha sacola.
Por enquanto deixo cair todas as lágrimas que precisam para me lavar. Respirar. Levantar. Desejo que sejamos felizes e que a Luz do Universo guie nossos caminhos.
É isso, de repente solteira, novamente.