
Carpinejar

Passo dias distante de mim. Saudade que invade de súbito. “Por que comigo” martela na minha cabeça sem pausa. Um coro insistente no meu ouvido diz: “ele não te quis”. Fui me diminuindo. Encolhi até me caber na palma da mão. Que lugar é esse que sempre volto? Me encaro no espelho, não há brilho. Caí mais uma vez. Estou no poço escuro, não faço ideia de como deixar de voltar para lá toda vez que tropeço.
aquilo que antecede. faz lembrar dos preparativos. momento de embalar corações. escrever palavras escolhidas com cuidado. a véspera de hoje não faz mais sentido. custa rememorar. talvez ninguém me entenda. não tenho mais véspera. a dor é só minha.
Acabou oficialmente, embora eu já soubesse de alguma maneira – minha intuição não falha – de que já havia passado do ponto faz algum tempo.
Não desistir facilmente é algo que carrego comigo – sou do signo da terra no mapa astral – acredito que usei todas as alternativas que a mim cabiam – mas sei o momento de parar, evitar desgastes e dores desnecessárias.
Não estou dizendo que foi fácil e indolor, pelo contrário, foi difícil e dolorido. Precisei ler nas entrelinhas, observar os sinais, ouvir o não dito – confesso que gastei muita energia – ficar subentendido machuca.
Esgotamos. Já não fazia mais sentindo insistir em algo que já não havia mais sentido. Apesar de muito doído, consigo identificar a importância de se ter experiência – faz um ano que fui ao fundo do poço, e o que vem depois do fundo também – então estar nesse lugar conhecido já não me assusta tanto – eu sei como sair dele e tenho todas as ferramentas necessárias dentro da minha sacola.
Por enquanto deixo cair todas as lágrimas que precisam para me lavar. Respirar. Levantar. Desejo que sejamos felizes e que a Luz do Universo guie nossos caminhos.
É isso, de repente solteira, novamente.
É phoda, com “ph” mesmo, que dói mais.