Nota

sou reticências. sempre fui da continuidade. pausas entre vírgulas. respiro entre ponto e vírgula. nos últimos anos apenas um ponto fez morada nos meus textos, um ponto final. final. fim. parar de vez. apertar o freio bruscamente. derrapar. cair. não tive opção. foi necessário finalizar as frases que deixei com reticências. achei que não conseguiria apagar os dois pontos, dos três, e usar apenas um. sigo buscando transformar um ponto final num ponto de recomeço. dói e não sei como se faz. não vou desistir de passar a limpo as páginas que foram rasgadas - sem piedade - do meu livro. as minhas reticências NINGUÉM, toma de mim.  
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uma semana estranha

Fui da vontade de ir embora correndo da academia, passando pela aula de fit dance me questionando o que eu estava fazendo ali, passando por duas crises de choro no trabalho, faltando academia por causa das dores nas pernas, até me encontrar correndo na esteira e me pertencer ali e FINALMENTE conseguir correr na rua até o final do percurso e sentir que eu posso ir mais longe.

Imagem

[alerta de textão]

arquivo pessoal, 2022

Há memórias invisíveis nesta fotografia. Um registro feito no fim, quando tudo silenciou. Estava lá, na minha frente, ao alcance das mãos. Não sei dizer se cheguei tão perto ou se cheguei tão longe, mas cheguei de alguma maneira. O caminho não foi/é dos mais fáceis, houve/há dor física e na alma também. Desacreditei que chegaria perto dessa bateria novamente, tinha certeza que esse som ficaria silenciado aqui dentro, para proteger a mim mesma de algumas dores. Apertar o play e aumentar o volume talvez tenha sido meu maior ato de coragem, nesses últimos anos. Não é apenas uma foto de uma bateria, é a foto da bateria.