ESTÉS, Clarissa Pinkola. A ciranda das mulheres sábias: ser jovem enquanto velha, velha enquanto jovem; tradução de Waldéa Barcellos – Rio de Janeiro: Rocco, 2007. p.93-94.
Por todas as mulheres mais velhas matreiras que estão aprendendo quando chegou a hora certa de dizer o que precisa ser dito e não se calar — ou calar-se quando o silêncio for mais eloquente que as palavras. Por todas as velhas em formação, que estão aprendendo a ser gentis quando seria tão fácil ser cruel… que conseguem ver que podem cortar quando for necessário, com um corte afiado e limpo… que estão praticando a arte de dizer verdades totais com total compaixão. Por todas as que rejeitam as convenções e preferem apertar as mãos de desconhecidos, cumprimentando-os como se os tivessem criado desde filhotinhos e os tivessem conhecido desde sempre… por todas as que estão aprendendo a chocalhar os ossos, balançar o barco — e a cama —, além de acalmar as tempestades…. por aquelas que são as guardiãs do azeite para a lâmpada, que se mantêm em silêncio no culto diário… por aquelas que cumprem os rituais, que se lembram de como fazer fogo a partir da simples pederneira e paina… por aquelas que dizem as antigas orações, que se lembram dos símbolos, das formas, das palavras, das canções, das danças e do que no passado os ritos tinham o objetivo de instaurar… por aquelas que abençoam os outros com facilidade e frequência… por aquelas mais velhas que não têm medo — ou que têm medo — e que agem com eficácia de qualquer modo…
Por elas…
que vivam muito,
com força e saúde,
e com um imenso espírito aberto aos ventos.