Chorar. Colocar tudo para fora. Sentir cada parte do corpo doer. Diminuir ao abraçar a pernas enquanto o corpo treme. Chorar abafando a boca para não gritar, já que é madrugada. Dói. Já senti essa dor antes, ontem completou um ano, apesar de jurar para mim mesma que seria a primeira e última vez. Quebrei meu jurando e cá estou, quebrada novamente em vários pedaços. Ainda bem que sei qual cola usar. Unir os cacos não será tão difícil, confesso que aprendi muito com minha dor no passado. O fundo não será o meu lugar, não dessa vez.
chorar
Também sou fraca
Queria poder estar sentindo essa força – tão falada hoje – que nós mulheres possuímos. Hoje, me sinto fraca, impressão de que falhei comigo mesma.
Me sentir fraca justamente no dia das mulheres, me traz a reflexão de que somos cobradas, em todos os momentos, para mostrarmos essa força que nos obrigaram a possuir. “Ah, mulher é forte”, “vocês têm uma força diferente”. Sim, somos fortes, temos uma força diferente, mas também somos fracas e precisamos de atenção.
Hoje não dá para ser forte, amanhã talvez, hoje quero poder sentir tudo que vêm com intensidade e explode em gotas salgadas.
Estúpida
Se sentir rejeitada pela mesma pessoa por duas vezes é uma estupidez. Me sinto completamente estúpida.
Certezas
Eu pedi desculpas por ter me expressado agressivamente. Me coloquei no seu lugar e não foi confortável ouvir a frase dita por mim. Não tive intenção de te machucar. Eu também estou me (re)conhecendo e encarando meus medos. A luz vermelha também piscou, se você quer saber, para mim. Ainda tomo os três comprimidos coloridos e choro no travesseiro algumas noites. Não quero cobrar, apertar ou sufocar. Respeito o seu processo. Tenho certeza que não foi e não está sendo fácil. A gente se perde mesmo no meio do caminho, mas a gente volta a caminhar. Quando eu te disse, vamos, eu não menti. Me joguei de cabeça. Refiz planos e coloquei você neles. Há certezas e não dúvidas.
Do instagram

Gavetas abertas

Uma semana tensa. Abri sem querer algumas gavetas que estavam esquecidas. Foi como bater o dedinho do pé na quina da mesa. Uma sucessão de quase oito dias machucando o mesmo dedo. Doeu muito. Tentei segurar o choro mas não consegui. As lembranças que eram nossas ainda me inquietam. Desconforto que não passa com remédio. É preciso muito mais que força para fechar cada gaveta.
As madrugadas são minhas
Madrugadas. Silêncio. Hora da dor fina. Tristeza. Inabitada. Escuro. Medo. Fantasmas. Saudade. Passado. Presente. Futuro. Me encolho. Cílios molhados. Nariz vermelho. São nas madrugadas que escuto as batidas do meu coração acelerado e, sinto cada lágrima que se desprende dos meus olhos.