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sem pontuação

escrevo com pressa. as palavras saem sem filtro. sem tempo para correções linguísticas. quero me livrar com urgência o que está preso. como num mantra repito para mim mesma que preciso respirar. aumento o volume do fone de ouvido. busco abafar as vozes que vêm de fora. escuto apenas o que está dentro. há muita confusão. medo. dúvida. há ansiedade. correr para longe. subir o Himalaia. manter a calma. bagunçou o que parecia organizado. respira e expira. vou dar conta. acho que não aguento mais. é só mais um pouco. fé. esperar. decidir. escolher. assumir. estou cansada. muito. esforço eu faço para sorrir. jujubas coloridas me alimentam. acelerei. resiste. não desiste. reza. pede. agradece. emana luz. quero ficar no escuro. abraço meus joelhos quando deito. me maltrato. café gelado. alarme para medicação. futuro. passado. presente. faz silêncio. impaciente a perna treme. peço uma luz. aguardo um sinal. quero sair. prefiro me trancar por dentro. me afasto. me aproximo. desativo. choro. grito. como é que faz?

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e tá tudo bem se eu chorar por três dias seguidos. quero ficar um tempo sozinha. não estou querendo chamar atenção. nem é birra de criança. dar conta de tudo não é perfil meu. não quero esse título. estou dentro de mim. defeitos e medos me assustam. vai passar. eu só preciso de tempo. um pouco de coragem. um punhado de fé. o gosto salgado das lágrimas. ruim é quando a gente não escolhe qual saudade vai chegar. vou seguir. talvez sem tanta pressa. a vida não deve ser uma competição de quem chega primeiro. só quero paz. quero também amor. muita saúde. me reencontrar. hoje vou ficar em silêncio. amanhã quem sabe eu dou um sorriso.

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um dia de cada vez

crédito imagem Pinterest

O psicólogo me sinalizou para viver um dia por vez, pois, minha pressa em ficar bem – com urgência – pode comprometer meu processo de cura interior. Quero me livrar dessa dor – de coração partido – que consome meus dias. Luto comigo mesma para não chorar ou lamentar pelo que passou. Passou, mas ainda sinto e muito. Domingo é um dos dias que têm me machucado, é quando há uma pausa maior, no tempo, para encarar minhas dores. É domingo e não estou bem, mas o sábado foi um presente do Universo. Assim vou vivendo, um dia de cada vez, me permitindo sentir tudo que existe aqui dentro.

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um espiral

crédito da imagem Pinterest

Não tem jeito, é espiral. Superar algo ou alguém é um processo espiral, corre-se o risco de voltar – mais de uma vez – ao ponto inicial do sofrimento. Repetir. Repetir. Repetir. Doer. Doer. Doer. Quem me dera conseguir controlar meus pensamentos – eles apenas vêm sem aviso – e me derrubam. Fico silenciosa, me reservo, quero poupar quem já ouviu minha história mais de “mil vezes”. Talvez para me proteger de mim mesma eu me tranque por dentro, é só eu e eu, mais ninguém entra. Passo o dia em guerra – entre engolir o choro e sorrir – é cansativo. Chego ao final do dia exausta, sinto meu corpo pesar – quero chorar porquê estou cansada. É um processo espiral e não posso fugir, não tem outra opção senão passar por ele. Dói.

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parei

Nas últimas semanas eu parei. Não tenho conseguido terminar a leitura da edição do mês de março da revista – e o mês de abril já está no final – livros, músicas, filmes e séries também seguem suspensos. Me deixa angustiada não conseguir fazer coisas que gosto. Meu foco – na verdade a falta dele – me fez parar de vez. Um freio brusco que não percebi como aconteceu. Parei. Escrever seja talvez a única coisa – na verdade é a única coisa – que consigo fazer no momento, pausa para me escutar, estado de catarse completo. Escrevo para me libertar. Grito de dor e choro. Desejo que as palavras não me abandonem, sem elas fica quase impossível respirar.

unha encravada

Hoje me sinto como uma unha encravada. Aquele pedaço de unha preso na carne do qual queremos nos livrar apressadamente. Sim, hoje me sinto como um pedaço de unha que foi cortado com pressa e sem jeito. Foi notável o conforto sentido por quem arrancou aquilo que parecia ser causa de toda dor. Hoje me sinto essa lasca, pedaço que incomoda, fonte de toda dor. Fica a impressão de que bastou remover-me para os passos se alinharem. É extremamente assustador me sentir como um pedaço de unha que foi arrancado – aterrorizante na verdade – mas não fui capaz de pensar em mais nada para além disso.

A gente fica com medo do amor quando é machucada. Enquanto escrevo estas palavras me sentindo uma boba por ter acreditado que seria diferente. Tive o cuidado de perguntar a intenção antes de me jogar, parecia haver rede de proteção, mas eu cai no chão. Vasculho cuidadosamente meus pensamentos mas vejo apenas dor. Me fecho, dois passos para trás, encolho a testa entre as sobrancelhas. Afasto as pessoas a qualquer sinal de aproximação. Penso que talvez estejam todxs cansadxs das minhas histórias. Faz um ano… e eu pensei que seria tudo diferente, e não foi, não está sendo.

chorar

“quando chega a noite e você pode chorar” (Legião Urbana)

Quem nunca esperou anoitecer para chorar? Esperar o apagar da luzes e tudo silenciar. Após checar que não seremos interrompidas ou interrompidos desaguamos. Colocar tudo para fora é libertador, mas também é dor.

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Chorar

Chorar. Colocar tudo para fora. Sentir cada parte do corpo doer. Diminuir ao abraçar a pernas enquanto o corpo treme. Chorar abafando a boca para não gritar, já que é madrugada. Dói. Já senti essa dor antes, ontem completou um ano, apesar de jurar para mim mesma que seria a primeira e última vez. Quebrei meu jurando e cá estou, quebrada novamente em vários pedaços. Ainda bem que sei qual cola usar. Unir os cacos não será tão difícil, confesso que aprendi muito com minha dor no passado. O fundo não será o meu lugar, não dessa vez.