Nota

chão

No banco do jardim. Parei um segundo para observar a chuva cair. Um dia frio. Vento forte. Fiquei com vontade de sentar na calçada - no meio fio - ficar mais próxima do chão e prosear com alguém até a chuva passar. No chão frio sinto a força da terra. Nos últimos dois anos estive mais no chão do que qualquer outro lugar. Duro. Frio. Escuro. Lamacento. Olhando daqui do banco, o chão não parece tão repulsivo. Rememorei minha infância na porta de casa. O chão era local sagrado. Espaço de encontro. Bom sentar no chão. A gente ria. Brincava. Compartilhava segredos. Crescemos. Deixamos de frequentar nosso lugar. Esquecemos. Somos adultas. Chão agora lembra queda. Cair dói. Na pressa do dia a dia nem notei que eu havia levantado do chão. Hoje desejei sentar no chão - por escolha.
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