Nota

a mulher e seu caderno

nas últimas folhas em branco, escrevo. sexta-feira, 31 de dezembro, Lua minguante “que é uma fase de reflexão, de eliminação, finalização de ciclos e limpeza”, de acordo com os astrólogos. que ano! não é sobre perdão, é sobre mágoa e decepção. só o tempo pode resolver. a chave vira. neste ano escrevi – muito. cadernos – sim, no plural. foram meus companheiros. registros de sentimentos genuínos. estou presente em todas as linhas. me reconheci. assustei. reuni minha melhor e pior versão. acolhi meus defeitos. respeitei meus limites. corri na chuva. senti – tudo. aprendi sobre força e também sobre desânimo. chorar. escutar. sorrir. me posicionar. defender meu ponto de vista. estudei. me aproximei das minhas ancestrais – mulheres guerreiras. pedi ajuda. sobrevivi. estou aqui contando a minha história. cheguei longe nos últimos meses. há muito caminho para ser percorrido. sou a mulher e seu caderno.

texto de final de ano

Depois do almoço. Estou aqui, com fones no ouvido, escutando as músicas mais curtidas da playlist. Caderno e caneta me fazem companhia, não estou sozinha. Escrevo. As folhas em branco são em menor quantidade, escrevi muito nos últimos meses. Coisa demais. Não me vejo mais no fundo escuro, encolhida. Consigo ver luz. Estou de joelhos, ensaiando levantar. Parece texto de de final de ano, mas estamos no fim do ano mesmo.