texto atualizado (uma versão melhorada)

imagem de @hlucatelli

Imagem de @hlucatelli que me faz lembrar das nossas ancestrais, mulheres sábias.
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Não é um texto para falar sobre reality show, embora esteja acompanhando o desenrolar da edição 21.
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Este texto é para falar sobre música. Gosto de música – na verdade eu amo música. Assim como a fotografia, a música exerce um poder misterioso sobre mim. Constantemente estou descobrindo uma banda, uma cantora, um cantor, uma canção nova.
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Uma descoberta musical de significado, foi a música “Triste, Louca Ou Má”, de Francisco, El Hombre, cantada por uma das participantes, da edição 21, do reality show do momento.
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Acredito que a letra dessa canção é um pequeno recorte histórico da luta das mulheres – aquelas que vieram antes de nós. As palavras dessa música versam sobre o feminino, dores, força e todos os estereótipos que carregamos por ser mulher.
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Qualificadas, julgadas, condenadas, pressionadas, discriminadas e etc. Definições ainda presentes na contemporaneidade – infelizmente não ficaram no passado.
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Desejo que nós – mulheres – aprendamos sempre um pouco mais sobre nossa história e, que consigamos “desatinar” sempre que preciso for.
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“Eu não me vejo na palavra / Fêmea, alvo de caça / Conformada vítima / Prefiro queimar o mapa / Traçar de novo a estrada / Ver cores nas cinzas / E a vida reinventar. “Triste, Louca Ou Má” Francisco, El Hombre

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Nota

Mergulho


Como faço para reparar erros que cometi no passado? Hoje, mais madura, consigo identificar todas às vezes que falhei.

Não, não pense que isso me faz paralisar, agora tenho consciência dos muros que construí e aceito com gratidão a mulher que fui e sou.

Admito que poderia e deveria ter feito diferente, mas fui seguindo regras escritas, para não dizer impostas, por uma sociedade conservadora e machista. Sempre ouvi a frase: “seja uma boa moça e aguarde”, ingênua eu esperei.

Faz pouco tempo que venho me (re)descobrindo, experimentando uma força que por tantas vezes renunciei por acreditar que não possuía.

Percebo que dar um salto para dentro de si mesmo é um ato de coragem, a gente corre o risco de se machucar muito. Queda livre com frio na barriga. Quem nos aguarda lá embaixo, para amortecer o impacto da queda é nossa criança interior. Abraçadas choramos.

Peço perdão para a menina que fui e agradeço pela mulher que sou. Estou em paz mas sei que esse encontro é um dos muitos veus que precisam ser tirados e ressignificados.

Imagem

Tranças

Tranças

Gosto da sensação de trançar os cabelos. Me sinto mais forte. Lembro das mulheres com tranças nos cabelos que foram chamadas de loucas. Me (re)conecto com nossas ancestrais, aquelas que vieram antes. Tranças emanam força. Mulheres guerreiras sustentando suas espadas. Trançar os cabelos me faz sentir protegida por todas essas mulheres, fortes e sábias, que reconhecem a força que têm. Hoje, depois de trançar os cabelos, uma dessas mulheres veio me visitar, falou baixinho no meu ouvido: “a força está em você”. Ela tinha cheiro de lavanda e cabelos vermelhos trançados. Era a própria força. Toda vez que quero falar com ela faço tranças nos cabelos, esse é o nosso segredo.

imagem arquivo pessoal, 2020